Este gráfico rastreia 37 dias de mudança no pico de emissão de raios-X do SGR 1830, conforme visto pela estrela de nêutrons Interior Composition Explorer (NICER) da NASA. 
Neste gráfico, a fase rotacional da estrela avança da esquerda para a direita, com a energia medida mostrada verticalmente. 
As áreas verde, amarela e vermelha indicam regiões que produzem o maior número de raios-X e acredita-se que representem os pontos quentes do magnetar. 
Eles mudam em intensidade e em suas posições em relação um ao outro com o passar do tempo. 
Pela primeira vez, os astrônomos registraram dois desses pontos se fundindo.
Crédito: NASA/NICER/G. 
Younes et ai. 
2022

Por Daniele Cavalcante – Editado por Patrícia Gnipper

Dois pontos de altíssima temperatura e energia na superfície de um magnetar se fundiram, e os astrônomos puderam observar diretamente o evento, através do telescópio NICER, da NASA. A crosta do magnetar parece ter “derretido” parcialmente, devido ao estresse magnético.

Em 10 de outubro de 2020, a NASA descobriu um novo magnetar, chamado SGR 1830-0645 (SGR 1830, para abreviar) na constelação de Scutum. Os astrônomos estimam que ele está a cerca de 13.000 anos-luz de distância.

Com tamanho de uma cidade e mais massivo que o Sol, os magnetares são uma sub-categoria das estrelas de nêutrons, com o diferencial de possuírem um campo magnético até 10 trilhões de vezes mais intensos que os de um ímã de geladeira e mil vezes mais fortes que os de uma estrela de nêutrons “comum”.

Contudo, parece que esse magnetismo extremo traz consequências para o magnetar. Os dados do NICER mostraram três picos de energia em raios X simultâneos e constantes, enquanto o objeto girava no espaço uma vez a cada 10,4 segundos.

Esses picos estão sincronizados com a rotação do objeto, portanto são três regiões na superfície onde a energia é muito maior que no restante do magnetar. A NASA monitorou o fenômeno por pouco mais de um mês, e viu duas dessas regiões se fundirem em um único ponto.

A equipe por trás do estudo cogita que essas observações revelam uma única região ativa onde a crosta se deformou devido ao estresse magnético. Os três pontos quentes em movimento seriam como os arcos brilhantes de plasmas observados no Sol se conectando à superfície. A interação entre os loops e o movimento na crosta impulsiona o comportamento dos três pontos no magnetar e a fusão.

Também podemos pensar nessas manchas em movimento como o das placas tectônicas na Terra, que impulsiona a atividade sísmica. “A crosta de uma estrela de nêutrons é imensamente forte, mas o intenso campo magnético de um magnetar pode forçar além de seus limites”, disse Sam Lander, astrofísico da Universidade de East Anglia em Norwich, coautor da pesquisa.

O artigo que descreve a descoberta foi publicado no The Astrophysical Journal.

FONTE: NASA via Canaltech